segunda-feira, 9 de junho de 2014

Sobre um amor ...

Forma mais sem lei de dizer amor: caracteres... 
No sentir cabe medida? Pois mire além, além-mar de nós, e veja que texto é feito chave pra abrir mundo, mundo de porteira arredia, mundo sem limite nato... mundo Sertão. De tudo quanto é flor de se cuidar eu quis para mim nutrir a Rosa. Rosa de mil pétalas postas, e quando aberta, em mais mil se faz. E da estória nasce a vida, e a vida traz um povo, e do povo se faz um, um ser de muitos lados. Por ser de tantos destes feita, me pus a querer bem escrita que assim se molda. 
Quis trazer do bel prazer, do bel amar, um pouco do mundo diverso do meu, quis ter buriti no fundo de mim, quis ter café gelado e bolo quente, quis ter boi luzeiro emanando luz luzente no seu balançar que falseia num pra lá e pra cá e leva na dança ritmo de ninar sonho meu; sonho que alumia ideia fazendo nascer porquês. A vida em seu fraseado é tão cheia destes... De certezas é pouco feita, e isso faz da busca lugar rico de morar. Assim me fiz: Riobaldo, Diadorim, Lélio, Lina e menina, menina do lado de lá que atravessa margem, que navega de forma audaz por entre frases, ritos e ditos. A leitura é espécie de viagem de passagem às vezes sem volta, é mundo bom de perder pra poder encontrar o que nem ao certo se sabe que foi buscar. Leitura é paz em momentos de descuido. Neste mundo de dizeres fiz morada, criei ninho, fiz da escrita um caminho, das palavras barco pra guiar ao fundo, e nas margens de mim (re)fiz essência. Tornei-me, por fim, mineira de alma larga.
 Mineiro não tem meias lições, ou é ou não é, é sujeito que “fantaseia”, ser farto no sentir. Sempre de mesa posta alimenta a fome de tantos, traz temperos de causos, conta e reconta imagens de mundo miragem, neblina, e nós que temos pra si que viver é algo de difícil pensar, ouvimos bem cá dentro o eco de tudo o que lá fora há ... Meu corpo faminto, feito de tantas diversas pessoas, pegou o alimento, respirou o perfume, mordeu as beiradas pra chegar, sem pressa, ao meio ... meio do mundo, “redemundo”. 
E assim comecei travessia. Guimarães fez-se em mim, pois sem nem me ter em mente traduziu de forma prima cada cadim de reboliço meu, sem nem mesmo eu ter nascido já vivia em teu criar. E por me achar nele, torno a perder-me em mim, e por ser tantas me viro em páginas e por assim fazer-se, simples e complexa, já tenho motivo bom de gostar. Gostar é a arte do querer bem, querer nas bordas, de lamber os beiços e continuar querendo, pois sede de querer não se mata, cresce e bate asas. Desta maneira sem muita métrica, compasso, sem caber porque transbordo, me (re)fiz no gostar, e este tenho cativo, porque sou do mesmo barro feita. Rosa pra mim se contorna como ser que buscou em sua vasta travessia tornar cheio o vazio que já nasce feito ... Vazio de gente saudade. Vazio que chega e vai ganhando espaço sem deixar rastros que não sejam "alembramentos" . 
A gente vive sempre em pontas de memórias, e resta apenas tentar entender caminho que levou ao que é, resta tentar contornar pessoa pra rememorar estórias, resta tentar beber carinho de horas pretéritas, resta tentar buscar abrigo ... Às vezes nem há memórias, às vezes nem há pessoas, às vezes só há uma saudade do que não houve ... Saudade "de todos os presentes vividos fora" de nós. Guimarães tem frases abraços, tem tom de acalanto que faz rede pra deitar, teia que emaranha sina nossa e tece um figurado que busca abrir porteira rumo a dentro, ao espaço centro, o mistério ... e a vida não é algo feito como um dado mistério? ... Substância. Assim é meu gosto, assim gosto e assim se fez e se faz meu sentir, no mais, sem mais.

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