quarta-feira, 11 de março de 2015

gesto-ação

A esperança entrou pela minha porta, veio fresca. Eu de medo fechei-me, sentei atrás da porta, olhei por fechadura, de tanto morar em gaiola aprendi a ser presa. Levantei, fui limpar a casa, varrer pó de lembrança, catar cacos de mim, e a esperança lá a olhar-me. A esperança é bicho que não cansa. É caminhar sempre a frente, nunca ao meu lado e por assim ser feita quis dar pra mim quem comigo viesse. Sempre tive medo de estender a mão, ela travava, coração seguia ...  Quando vou pra frente meus pés ficam na ponta, ai viro vento ... Bambeio.  Sentei de novo, mais perto do chão sei andar melhor, minha altura de um metro e tanto dá medo. Também sempre tive medo de altura.


Arrastei-me pelo chão, reptei-me nos cantos da casa, perdi escamas, ganhei penas. Pássaro que bate asas já esta ensaiando voo. Bati os braços, quebrei tudo que havia em casa, a casa me comprimia, sufocava-me, na verdade a minha carne me sufocava mais. Quis explodir. Olhei-me no espelho, quebrei o espelho e o invejei, ele era mil de um só.  Na ânsia de compreender chorei, o alivio veio, não conseguia parar de chorar e pensei: Transbordei, molhei o verde em flor, reguei-me, vida, grito ... ESPERANÇA. O eco de mim se fez em tudo e para  deixa-lo aqui, já que não queria ficar, pintei paredes, porta, portão ... Pintei vida em mim. Reguei-te para um dia teus filhos ninar no colo. Fiquei grávida de vida, pari um riso.  

domingo, 4 de janeiro de 2015

Meu corpo nu vem brincar de ver.
Meus braços vão tocar, então, subamos!
É um coelho ? Não, olha  o bico, é um pato.
Não, não, atenta mais ... É menina correndo.
Não ... Deita aqui ... É de olhar.
Com seus olhos você vê o que vejo?
Não sei ... Teus olhos são azuis, os meus verdes, mas às vezes em azuis se fazem e nesse segundo, talvez, seu mundo aconteça.
Você é confusa.
Por que?
Você fica muda e olha, mas quando vai falar o que viu já mudou.
Veja essa aqui, aquela perto do pato, viu?
Era carro, virou fumaça.
Mas assim é com tudo?!
Como assim? Tudo?
Assim também é com que sente?
Deve de ser ... Se digo que sinto em palavra o contorno desta prende afeto, feito aquela nuvem entre os prédios ... Se espreme e depois se espalha, e quando se espalha deixou de ser o que espremido era, virou diversa coisa.
Lá vem você conFUNDE os fATOS.
Não .... está bem ... sinta.
Feche, abra, olhe ... mudou.
Vai vir água! Vem!
Mata minha sede de viver tudo.