segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Mostro-lhe partes do corpo querendo que tu encontre o centro, mas apenas observa-me.  Olha-me como que querendo decorar meus gestos para depois poder prender-me por já saber meu tato. O sopro quente dos teus lábios chega a nuca minha e esfria a alma. Arrepio. O corpo está mudo, existe também silêncio feito de toques. Assim emudecemos por uma noite.
Amanhece, os corpos ainda  estranhos encontram-se nos minutos que da madrugada restam para depois perderem-se no primeiro bocejo que exala a coragem de um bom dia. Frente a nós um muro se esvai, as mãos, libertas, procuram-se. Mãos, parte do corpo sem lei, tecem caminhos que nos revivem ... Tesão ... Calor ... Beijo. 
A espera de nós fez-se tão longa que nem o gosto mais cabia aos lábios e estes, quase selvagens, mordiam. No susto você desprende-se, sai da cama, procura abrigo na água que do chuveiro corre.
Não sei lidar com fuga, assim num salto sigo-lhe e nós dois, corpos molhados, escorregamos até termos mesmo ritmo, fazemos um de dois. 
A matemática que calcula notas não cabe ao corpos de natureza sempre negativa, mesmo que transborde falta alma. 
O líquido límpido lava-nos o medo. Nossas cascas nuas, grudadas e entregues a parede do box, não mais sabiam do que a distância era feita. 
O telefone toca. As mãos nervosas brigam com a mente que quer atendê-lo. Esta ganha. Vem o "alô", a mudez do outro lado só dá espaço ao silêncio de nós. A ligação termina. O olhar retorna procurando o corpo. Este já está vestido.

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